quinta-feira, 30 de junho de 2005

O olho Vesgo








Em tempos pensei ter jeito, levar jeito pra coisa!
Apesar de tudo esta até não ficou mal de todo!!
Sinto, cada vez mais, que nada daquilo que faço tem proveito algum...
Adoro fotografia, sempre gostei, sempre sonhei com o meu laboratório caseiro, mas descobri que lhe perdi o jeito ou então nunca o tive...
Tento escalar a parede, tenho medo da queda das peças. Fingem estar bem presas mas não me inspiram confiança, sem ela nunca conseguirei chegar lá a cima!! Que calmo deve ser o Azul.

" A realidade é construída do desejo."

" Só existem duas tragédias no Mundo:
a 1ª é quando não conseguimos o que queremos, a 2ª é quando a alcançamos"




A tua vida distrai-me.
Distrai-me da minha, achando que a tua própria vida tem muito mais para me distrair que a minha.
Assim... esqueço-me da minha vida, que pouco ou nada tem para distrair a tua curta vida dentro da minha própria vida... ... ... ... ... ... ... .. .............................................................................................................
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quarta-feira, 29 de junho de 2005

Aquarela

AquarelaToquinho e Vinícius de Morais
Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo
E com cinco ou seis retas é fácil fazer um castelo
Com o lápis em torno da mão imitou uma luva
E se faço chover com dois riscos tem um guarda-chuva
Se um pinguinho de tinta cair num pedacinho azul do papel
Num instante imagino uma linda gaivota a voar no céuVai voando, contornando a imensa curva norte-sulVou com ela, viajando Havaí, Pequim, Instanbul
Pinto um barco a vela branco navegando é tanto céu e mar num beijo azul
Entre as nuvens, vem surgindo um lindo avião rosa e grená
Tudo em volta, colorindo com suas luzes a piscar
Basta imaginar e ele está partindo serendo e lindo e se a gente quiserEle vai pousar
Numa folha qualquer eu desenho um navio de partida
Com alguns bons amigos bebendo de bem com a vida
De uma América à outra eu consigo passar num segundo
Giro um simples compasso e num círculo eu faço um mundo
Um menino caminha e caminhando chega no muro
E ali logo em frente a esperar pela gente o futuro está
E o futuro é uma astronave que tentamos pilotar
Não tem tempo, nem piedade, nem tem hora de chegar
Sem pedir licença muda a nossa vida
E depois com vida a rir ou chorar
Nessa estrada, não nos cabe conhecer ou ver o que virá
O fim dela ninguém sabe ao certo onde vai dar
Vamos todos juntos numa passarela de uma aquarela
Que um dia enfim descolorirá

www.laboratoriodedesenhos.com.br/aquarela.htm
Vale a pena

terça-feira, 28 de junho de 2005

o Violoncelo poderia tocar algo onírico para o Eugénio de Andrade

Aspirava ser violoncelista.
Só pelo próprio nome, dava logo pra notar que ela seria diferente. Tinha garra!!!
e que garra, ainda restam marcas em mim de toda a sua fúria...
que mais poderia querer, orgulhosa dos meus ensinamentos...
Não quero substituta...


Tou triste, também, pela perda enorme na nossa culura.
vou adorar sempre



"Não posso adiar o amor para outro séculonão possoainda que o grito sufoque na gargantaainda que o ódio estale e crepite e ardasob montanhas cinzentas e montanhas cinzentas(...)não posso adiar para outro século a minha vidanem o meu amornem o meu grito de libertação
não posso adiar o coração"

Pina a mais Elegantérrima

Fico triste, ando triste
a vida prega-nos partidas destas...
a minha Pina Baush desapareceu, morta algures.

Eugénio de Andrade, Acerca de Gatos

Em Abril chegam os gatos: à frente o mais antigo, eu tinha dez anos ou nem isso, um pequeno tigre que nunca se habituou às areias do caixote, mas foi quem primeiro me tomou o coração de assalto. Veio depois, já em Coimbra, uma gata que não parava em casa: fornicava e paria no pinhal, não lhe tive afeição que durasse, nem ela a merecia, de tão puta. Só muitos anos depois entrou em casa, para ser senhora dela, o pequeno persa azul. A beleza vira-nos a alma do avesso e vai-se embora. Por isso, quem me lambe a ferida aberta que me deixou a sua morte é agora uma gatita rafeira e negra com três ou quatro borradelas de cal na barriga. É ao sol dos seus olhos que talvez aqueça as mãos, e partilhe a leitura do Público ao domingo.