sábado, 31 de dezembro de 2011

sábado, 24 de dezembro de 2011

sábado, 16 de julho de 2011

Fernando Pessoa
Deve chamar-se tristeza
Deve chamar-se tristeza
Isto que não sei que seja
Que me inquieta sem surpresa
Saudade que não deseja.

Sim, tristeza - mas aquela
Que nasce de conhecer
Que ao longe está uma estrela
E ao perto está não a Ter.

Seja o que for, é o que tenho.
Tudo mais é tudo só.
E eu deixo ir o pó que apanho
De entre as mãos ricas de pó.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

terça-feira, 14 de junho de 2011

roubei a vizinha do blog :)

Não, não é cansaço...
É uma quantidade de desilusão
Que se me entranha na espécie de pensar.
É um domingo às avessas
Do sentimento,
Um feriado passado no abismo...
Não, cansaço não é...
É eu estar existindo
E também o mundo,
Com tudo aquilo que contém,
Como tudo aquilo que nele se desdobra
E afinal é a mesma coisa variada em cópias iguais.


F. Pessoa - Álvaro de Campos

domingo, 15 de maio de 2011

"por si só, o tempo não é nada.
a idade de nada é nada.
a eternidade não existe.
no entanto, a eternidade existe. "

(josé luís Peixoto, Explicação da Eternidade)

domingo, 1 de maio de 2011

Feliz dia às Mães

Quando eu nasci,
ficou tudo como estava.

Nem homens cortaram veias,
nem o Sol escureceu,
nem houve Estrelas a mais...
Somente,
esquecida das dores,
a minha Mãe sorriu e agradeceu.

Quando eu nasci,
não houve nada de novo
senão eu.

As nuvens não se espantaram,
não enlouqueceu ninguém...

Pra que o dia fosse enorme,
bastava
toda a ternura que olhava
nos olhos de minha Mãe...
Sebastião da Gama

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Rei
ingredientes:
1 dose de dourado
2 sapato enrolado
manto q.b. aveludado
com pelo a gosto alçado
1 coroa afiada
e 1 cara com piada!

domingo, 3 de abril de 2011

terça-feira, 29 de março de 2011

sábado, 19 de março de 2011

Ferreira Gullar

TRADUZIR-SE

Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.

uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.

Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.

Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.

Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.

Traduzir-se uma parte
na outra parte
- que é uma questão
de vida ou morte -
será arte?

sábado, 12 de março de 2011


Folarinho, folarinho
uma experiência pro papinho :)

quarta-feira, 9 de março de 2011

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

sábado, 19 de fevereiro de 2011

"As gigantes loucuras são as mais sensatas de todas, o que fazemos hoje deixamos de recordação para os que amanhã queiram ser como nós: talvez loucos, porém felizes."




quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

sábado, 12 de fevereiro de 2011

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

bibó sollll


não fosse a gripe e apanhava mais sol daquele mesmo a estalar doentio :))

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

sábado, 29 de janeiro de 2011


Inscrição

O inchaço do coração
facilita o despalavrear.
a liberdade pode advir
de uma veia.
com sangue também
se reescreve a vida.
o suicidado foi um apressado
para desconhecimentos.
a morte
ela é que espera por nós.
na vida pedincho
reindagação de cheirares:
em continuado aquestionamento.
a despalavreação
pode crescer de uma vida.

Ondjaki

imagem de Peter Canavas

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

mais vale selo que para selo

Não fossem por vezes as intempéries, os percalços do percurso... :)

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

domingo, 23 de janeiro de 2011

"Da Perfeição da Vida
Por que prender a vida em conceitos e normas?
O Belo e o Feio... O Bom e o Mau... Dor e Prazer...
Tudo, afinal, são formas
E não degraus do Ser!"


Somos donos de nossos atos,
mas não donos de nossos sentimentos;
Somos culpados pelo que fazemos,
mas não somos culpados pelo que sentimos;
Podemos prometer atos,
mas não podemos prometer sentimentos...
Atos sao pássaros engailoados,
sentimentos são passaros em vôo.

O mais feroz dos animais domésticos é o relógio de parede: conheço um que já devorou três gerações da minha família.

Mário Quintana

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

As horas caminham, tu navegas...
No teu rasto ficam horas presas ao horizonte
tudo o que foi o simplesmente poderia ser
Em frente, o Horizonte traz mais horas
Horas de outros que navegam noutras rotas.
Talvez um dia, neste navegar, eu encontre as tuas horas à deriva
talvez tu encontres a deriva das minhas...
Só na tempestade, há-de haver tempestade para que as linhas do horizonte se cruzem.
Muda a rota, apanha a tempestade!
para já não me apetece, por agora não mudo a minha rota.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Certezas
Mário Quintana

Não quero alguém que morra de amor por mim... Só preciso de alguém que viva por mim, que queira estar junto de mim, me abraçando.
Não exijo que esse alguém me ame como eu o amo, quero apenas que me ame, não me importando com que intensidade.
Não tenho a pretensão de que todas as pessoas que gosto, gostem de mim...
Nem que eu faça a falta que elas me fazem, o importante pra mim é saber que eu, em algum momento, fui insubstituível... E que esse momento será inesquecível...
Só quero que meu sentimento seja valorizado.Quero sempre poder ter um sorriso estampando em meu rosto, mesmo quando a situação não for muito alegre...
E que esse meu sorriso consiga transmitir paz para os que estiverem ao meu redor. Quero poder fechar meus olhos e imaginar alguém...
e poder ter a absoluta certeza de que esse alguém também pensa em mim quando fecha os olhos, que faço falta quando não estou por perto.
Queria ter a certeza de que apesar de minhas renúncias e loucuras, alguém me valoriza pelo que sou, não pelo que tenho...
Que me veja como um ser humano completo, que abusa demais dos bons sentimentos que a vida lhe
proporciona, que dê valor ao que realmente importa, que é meu sentimento...
e não brinque com ele. E que esse alguém me peça para que eu
nunca mude, para que eu nunca cresça, para que eu seja sempre eu mesmo.
Não quero brigar com o mundo, mas se um dia isso acontecer, quero ter
forças suficientes para mostrar a ele que o amor existe...
Que ele é superior ao ódio e ao rancor, e que não existe vitória sem humildade e paz. Quero poder acreditar que mesmo se hoje eu fracassar, amanhã será outro dia, e se eu não desistir dos meus sonhos e propósitos, talvez obterei êxito e serei plenamente feliz.
Que eu nunca deixe minha esperança ser abalada por palavras pessimistas...
Que a esperança nunca me pareça um "não" que a gente teima em maquiá-lo de verde e entendê-lo como "sim".
Quero poder ter a liberdade de dizer o que sinto a uma pessoa, de poder dizer a alguém o quanto ele é especial e importante pra mim, sem ter de me preocupar com terceiros...
Sem correr o risco de ferir uma ou mais pessoas com esse sentimento.
Quero, um dia, poder dizer às pessoas que nada foi em vão... que o amor existe, que vale a pena se doar às amizades a às pessoas, que a vida é bela sim, e que eu sempre dei o melhor de mim...e que valeu a pena!!

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

khôra

Nem que seja pelo pobre caminho entre aldeias
por meio de ervas da altura de um homem
certas manhãs o pensamento do tempo encoraja o rosto antes de uma jornada devorada
e então eu sei mesmo sem olhar os teus olhos

A vida tem inimagináveis distâncias?

Na estrada que vai rumo ao futuro
não vemos nenhum sorriso
é tão belo sonhá-lo
muito diferente uma última vez
por uma elipse, um rasgão, uma alteração cutânea imediatamente acima
como se o mundo estivesse a desprender-se dos glaciares

José Tolentino Mendonça
(A noite abre meus olhos, poesia reunida- Assírio&Alvim)
(imagem "capturada" por Cláudia)

domingo, 9 de janeiro de 2011

P-e-l-á-g-i-o

" Ai que desprazer não cumprir um prazer
ter um doce pra lamber e não o fazer...

ai não, que não vou!!!! :))



Andas aí a partir corações

como quem parte um baralho de cartas

cartas de amor
escrevi-te eu tantas
às tantas, aos poucos
eu fui percebendo
às tantas eu lá fui tacteando
às cegas eu lá fui conseguindo
às cegas eu lá fui abrindo os olhos

E nos teus olhos como espelhos partidos
quis inventar uma outra narrativa
até que um ai me chegou aos ouvidos
e era só eu a vogar à deriva
e um animal sempre foge do fogo
e mal eu gritei: fogo!
mal eu gritei: água!
que morro de sede
achei-me encostado à parede
gritando: Livrai-me da sede!
e o mar intecro entrou na minha casa

E nos teus olhos inundados do mar
eu naveguei contra minha vontade
mas deixa lá, que este barco a viajar
há-de chegar à gare da sua cidade
e ao desembarque a terra será mais firme
há quem afirme
há quem assegure
que é depois da vida
que a gente encontra a paz prometida
por mim marquei-lhe encontro na vida
marquei-lhe encontro ao fim da tempestade

Da tempestade, o que se teve em comum
é aquilo que nos separa depois
e os barcos passam a ser um e um
onde uma vez quiseram quase ser dois
e a tempestade deixa o mar encrespado
por isso cuidado
mesmo muito cuidado
que é frágil o pano
que enfuna as velas do desengano
que nos empurra em novo oceano
frágil e resistente ao mesmo tempo

Mas isto é um canto
e não um lamento
já disse o que sinto
agora façamos o ponto
e mudemos de assunto
sim?

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

As casas

As casas habitadas são belas
se parecem ainda uma casa vazia
sem a pretensão de ocupá-las
tornam-se ténues disposições
os sinais da nossa presença:
um livro
a roupa que chegou da lavandaria
por arrumar em cima da cama
o modo como toda a tarde a luz foi
entregue ao seu silêncio
Em certos dias, nem sabemos porquê
sentimo-nos estranhamente perto
daquelas coisas que buscamos muito
e continuam, no entanto, perdidas
dentro da nossa casa
José Tolentino Mendonça

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Bilhete


Se tu me amas, ama-me baixinho

Não o grites de cima dos telhados

Deixa em paz os passarinhos



Deixa em paz a mim!Se me queres,
enfim,tem de ser bem devagarinho,
Amada,que a vida é breve, e o amor mais breve ainda...


Mário Quintana




Poema roubado à Lu