terça-feira, 11 de janeiro de 2011

khôra

Nem que seja pelo pobre caminho entre aldeias
por meio de ervas da altura de um homem
certas manhãs o pensamento do tempo encoraja o rosto antes de uma jornada devorada
e então eu sei mesmo sem olhar os teus olhos

A vida tem inimagináveis distâncias?

Na estrada que vai rumo ao futuro
não vemos nenhum sorriso
é tão belo sonhá-lo
muito diferente uma última vez
por uma elipse, um rasgão, uma alteração cutânea imediatamente acima
como se o mundo estivesse a desprender-se dos glaciares

José Tolentino Mendonça
(A noite abre meus olhos, poesia reunida- Assírio&Alvim)
(imagem "capturada" por Cláudia)

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