Tenho assistido, incógnito, ao desfalecimento gradual da minha vida, ao soçobro lento de tudo quanto quis ser. Posso dizer, com aquela verdade que não precisa de flores para se saber que está morta, que não há coisa que eu tenha querido, ou em que tenha posto, um momento que fosse, o sonho só desse momento, que se me não tenha desfeito debaixo das janelas como pó parecendo pedra caindo de um vaso de andar alto. Parece, até, que o destino tem sempre procurado, primeiro, fazer-me amar ou querer aquilo que ele mesmo tinha disposto para que no dia seguinte eu visse que não tinha ou teria.
Bernardo Soares, Livro do Desassossego
enquanto dava uma voltinha pelos blogs alheios, encontrei este texto de B.Soares e resolvi roubá-lo...
3 comentários:
Epah! Isto anda mal... É a segunda vez, no espaço de uma hora, que leio este texto hoje!
'Bora lá arrebitar!
Beijocas
Pois... se foi no espaço de uma hora, só podia ter sido hoje, né?
foi roubado da primeira hora
he he
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