quinta-feira, 21 de maio de 2009
sombras
Elas são vaporosas,
Pálidas sombras, as rosas Nadas da hora lunar...
Vêm, aéreas, dançar Com perfumes soltos
Entre os canteiros e os buxos...
Chora no som dos repuxos O ritmo que há nos seus vultos...
Passam e agitam a brisa... Pálida, a pompa indecisa
Da sua flébil demora Paira em auréola à hora...
Passam nos ritmos da sombra...
Ora é uma folha que tomba, Ora uma brisa que treme Sua leveza solene...
E assim vão indo, delindo
Seu perfil único e lindo,
Seu vulto feito de todas,
Nas alamedas, em rodas,
No jardim lívido e frio...
Passam sozinhas, a fio,
Como um fumo indo, a rarear,
Pelo ar longínquo e vazio,
Sob o, disperso pelo ar,
Pálido pálio lunar ...
Fernando Pessoa, in "Cancioneiro"
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1 comentário:
Resultaram muito bonitas essas sombras. Boa escolha a do poema.
Beijocas e óptimo fim-de-semana :)
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