sábado, 4 de dezembro de 2010

Não sendo assim fica OUTONO

O Jardim

Consideremos o jardim, mundo de pequenas coisas,
calhaus, pétalas, folhas, dedos, línguas, sementes.
Sequências de convergências e divergências,
ordem e dispersões, transparência de estruturas,
pausas de areia e de água, fábulas minúsculas.

Geometria que respira errante e ritmada,
varandas verdes, direcções de primavera,
ramos em que se regressa ao espaço azul,
curvas vagarosas, pulsações de uma ordem
composta pelo vento em sinuosas palmas.

Um murmúrio de omissões, um cântico do ócio.
Eu vou contigo, voz silenciosa, voz serena.
Sou uma pequena folha na felicidade do ar.
Durmo desperto, sigo estes meandros volúveis.
É aqui, é aqui que se renova a luz.

António Ramos Rosa, in "Volante Verde"





5 comentários:

deep disse...

Bonitos - poema e desenho outonal! Beijocas :)

Anónimo disse...

gosto mais do desenho... parabéns!

bjokas

maria3

Ana disse...

obrigada às meninas :) e que o dia vos sorria :))

Lídia disse...

Esse desenho encaixa numa quadra que a Ana Luís fez a pedido da professora. Aqui vai ela.

As folhas do Outono

"No Outono as folhas são diferentes,
umas têm recortes e ouras não.
As folhas andam pelo ar muito contentes,
mas, depois acabam por cair no chão."

Ana disse...

Gostei! :) Está mesmo bem "condizente" Tem jeito :)