domingo, 12 de novembro de 2006


Pirata


Sou o único homem a bordo do meu barco.
Os outros são monstros que não falam,
Tigres e ursos que amarrei aos remos,
E o meu desprezo reina sobre o mar.
Gosto de uivar no vento com os mastros
E de me abrir na brisa com as velas,
E há momentos que são quase esquecimento
Numa doçura imensa de regresso.
A minha pátria é onde o vento passa,
A minha amada é onde os roseirais dão flor,
O meu desejo é o rastro que ficou das aves,
E nunca acordo deste sonho e nunca durmo.


Sophia de Mello Breyner

3 comentários:

Araj disse...

A imagem está 5 *****

Que bom é não acordar do senho quando não se está a dormir...

deep disse...

Um poema muito bonito... mesmo!

Beijocas e votos de boa semana!

Ana disse...

muito obrigada araJ, tive k ir limpar a bába... 8)
prefiro sonhar dessa forma...

luluzinha?!!
Pois é, a Sophia tem momentos assim!

cumprimentos de boa semana