domingo, 8 de março de 2009

Feliz Dia da Mulher

Não concordo com dias marcados. Para nos fazermos acreditar perante a Humanidade basta os nossos actos sinceros e integros. Essa é a nossa obra. Mas em todo o caso, amamos algumas mulheres por serem mulheres pessoas...à mulher que me enviou este poema, que pelas circunstâncias tecidas pela vida temos os memos apelidos que se assim não fosse, se nos encontrassemos pela vida fora, tenho a certeza que nos entenderíamos como amigas :)

Principalmente à minha Mãe que proporcionou a teia da vida, não sozinha já se sabe! mas hoje é o dia da mulher

Já agora a todas as mulheres que conheço

Calçada de Carriche

Luísa sobe, sobe a calçada,
sobe e não pode que vai cansada.

Sobe, Luísa, Luísa, sobe,
sobe que sobe, sobe a calçada.

Saiu de casa
de madrugada;
regressa a casa
é já noite fechada.
Na mão grosseira,
de pele queimada,
leva a lancheira
desengonçada.

Anda, Luísa, Luísa, sobe,
sobe que sobe, sobe a calçada.

Luísa é nova,
desenxovalhada,
tem perna gorda,
bem torneada.
Ferve-lhe o sangue
de afogueada;
saltam-lhe os peitos
na caminhada.

Anda, Luísa. Luísa, sobe,
sobe que sobe, sobe a calçada.

Passam magalas,
rapaziada,
palpam-lhe as coxas
não dá por nada.

Anda, Luísa, Luísa, sobe,
sobe que sobe, sobe a calçada.

Chegou a casa
não disse nada.
Pegou na filha,
deu-lhe a mamada;
bebeu a sopa
numa golada;
lavou a loiça,
varreu a escada;
deu jeito à casa
desarranjada;
coseu a roupa
já remendada;
despiu-se à pressa,
desinteressada;
caiu na cama
de uma assentada;
chegou o homem,
viu-a deitada;
serviu-se dela,
não deu por nada.

Anda, Luísa. Luísa, sobe,
sobe que sobe, sobe a calçada.

Na manhã débil,
sem alvorada,
salta da cama,
desembestada;
puxa da filha,
dá-lhe a mamada;
veste-se à pressa,
desengonçada;
anda, ciranda,
desaustinada;
range o soalho
a cada passada,
salta para a rua,
corre açodada,
galga o passeio,
desce o passeio,
desce a calçada,
chega à oficina
à hora marcada,
puxa que puxa, larga que larga,
toca a sineta
na hora aprazada,
corre à cantina,
volta à toada,
puxa que puxa, larga que larga,

Regressa a casa
é já noite fechada.
Luísa arqueja
pela calçada.

Anda, Luísa, Luísa, sobe,
sobe que sobe, sobe a calçada,
Anda, Luísa, Luísa, sobe,
sobe que sobe, sobe a calçada.

(António Gedeão)

Bem todas todas, talvez não...


2 comentários:

Um pedaço de azul... um BloGui diferente disse...

Um beijo a ti... MULHER!

Anónimo disse...

Antes de mais, obrigada pelas referências à minha pessoa.
Pois é... Parece que não temos apenas o mesmo apelido. Já muitas vezes me abordaram pensando que eras tu, portanto há mais coisas que nos aproximam - por fora e por dentro.

Para ti, um GRANDE, GRANDE dia.

Beijocas