segunda-feira, 22 de novembro de 2010

das duas uma:

ANÁLISE
Tão abstrata é a idéia do teu ser
Que me vem de te olhar, que, ao entreter
Os meus olhos nos teus, perco-os de vista,
E nada fica em meu olhar, e dista
Teu corpo do meu ver tão longemente,
E a idéia do teu ser fica tão rente
Ao meu pensar olhar-te, e ao saber-me
Sabendo que tu és, que, só por ter-me
Consciente de ti, nem a mim sinto.
E assim, neste ignorar-me a ver-te, minto
A ilusão da sensação, e sonho,
Não te vendo, nem vendo, nem sabendo
Que te vejo, ou sequer que sou, risonho
Do interior crepúsculo tristonho
Em que sinto que sonho o que me sinto sendo.
Fernando Pessoa, 12-1911

ou o senhor era grande alma ou consumia algumas coisitas, poucas!!

NOTA: para que conste, gosto bastante dele mas não resisti à piada...e não chamaria Análise mas sim Labirinto

2 comentários:

deep disse...

Um labirinto de sentidos e de sentimentos. :)

Anónimo disse...

aposto no algumas coisitas... dá sempre uma ajuda ao sentimento e até se fica a ver melhor...

bjokas

maria3